quarta-feira, 10 de junho de 2015

    Shibari:a técnica de quem se amarra em fetiche sadomasô

 Um orgasmo de ponta-cabeça, com o corpo tão imobilizado que é impossível até se contorcer de prazer. Parece loucura e cena de exorcismo, mas tem muita gente que se amarra neste tipo de fetiche. Literalmente, com cordas e nós. Oriental, a técnica sadomasoquista é conhecida como Shibari e faz parte do Bondage (práticas sexuais de  imobilização do parceiro com correntes, camisa de força ou qualquer material). Em outras palavras, é tortura erótica pra valer. Nada de venda para os olhos e algemas de pelúcia. Para os praticantes de sadomasô, se você “não sabe brincar, nem desce pro play”.

 – Quem inventou o Shibari?
O Japão, um país-ilha com escassez de recursos naturais. Na Era Feudal, todo o aço e ferro eram usados para fabricar armas. A corda era uma ferramenta do dia a dia. Os militares, por exemplo, não tinham grilhões para garantir que os prisioneiros não fugissem. Então criaram amarrações. Depois, a técnica foi “roubada” por sadomasoquistas.

 – Ok, é uma forma de dominação sexual com cordas e nós super elaborados. Por que não basta amarrar o outro de qualquer jeito? O tesão não é o mesmo?
Não. É um fetiche com um lado muito exibicionista. Claro que dá para prender alguém com uma amarração simples, mas não tem a satisfação de mostrar a sua habilidade com as cordas. Demoro cerca de 20 minutos para algo bonito. Gosto de admirar minhas amarrações e tirar fotos delas. Fora isso, é muito prazeroso brincar e estimular regiões erógenas da pessoa sem que ela possa reagir.

 – E machuca muito?
Tudo que te aperta e imobiliza traz desconforto. Mas, dentro do sadomasoquismo, existem dois tipos de dor: a boa e a ruim. A ruim não dá nenhum prazer, é insuportável. Na hora da amarração, você dosa a tensão que dá no nó. E isso determina se a pessoa poderá ter alguma liberdade de movimentos ou ficará imóvel por mais que tente se contorcer. Depende do objetivo. Se apertar demais o nó, terá que desatar logo para não ser prejudicial à saúde.

– Quais os riscos de quem pratica?Prender a circulação, sentir formigamentos, ficar com partes do corpo roxas e geladas… Para que isso não aconteça, temos medidas de segurança. Por exemplo, não amarro em articulações (cotovelho, joelho) ou em locais com pouca proteção muscular e muitas veias. Assim, posso deixar alguém preso por meia hora sem problemas. Quanto mais se debater, claro, mais ficará marcado pelas cordas.

– E se a pessoa quiser parar, no meio do clima de dominação?Temos códigos. O tempo todo pergunto se está tudo bem. Se ela responde “verde”, posso seguir em frente. “Vermelho” é porque está doendo e devo parar. Tudo é consensual. Penduro até de ponta-cabeça e alguns chegam ao orgasmo. A maioria só fica excitada. Adoram sentir aquela carga de adrenalina, como se estivessem em um brinquedo perigoso no parque de diversões.

 

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