Shibari:a técnica de quem se amarra em fetiche sadomasô
Um orgasmo de ponta-cabeça, com o corpo tão imobilizado que é impossível
até se contorcer de prazer. Parece loucura e cena de exorcismo, mas tem
muita gente que se amarra neste tipo de fetiche. Literalmente, com cordas e nós. Oriental, a técnica sadomasoquista é conhecida como Shibari
e faz parte do Bondage (práticas sexuais de imobilização do parceiro
com correntes, camisa de força ou qualquer material). Em outras
palavras, é tortura erótica pra valer. Nada de venda para os olhos e
algemas de pelúcia. Para os praticantes de sadomasô, se você “não sabe brincar, nem desce pro play”.
– Quem inventou o Shibari?
O Japão, um país-ilha com escassez de recursos naturais. Na Era Feudal,
todo o aço e ferro eram usados para fabricar armas. A corda era uma
ferramenta do dia a dia. Os militares, por exemplo, não tinham grilhões
para garantir que os prisioneiros não fugissem. Então criaram
amarrações. Depois, a técnica foi “roubada” por sadomasoquistas.
– Ok, é uma forma de dominação sexual com cordas e nós super
elaborados. Por que não basta amarrar o outro de qualquer jeito? O tesão
não é o mesmo?
Não. É um fetiche com um lado muito exibicionista. Claro que dá para
prender alguém com uma amarração simples, mas não tem a satisfação de
mostrar a sua habilidade com as cordas. Demoro cerca de 20 minutos para
algo bonito. Gosto de admirar minhas amarrações e tirar fotos delas.
Fora isso, é muito prazeroso brincar e estimular regiões erógenas da
pessoa sem que ela possa reagir.
– E machuca muito?
Tudo que te aperta e imobiliza traz desconforto. Mas, dentro do
sadomasoquismo, existem dois tipos de dor: a boa e a ruim. A ruim não dá
nenhum prazer, é insuportável. Na hora da amarração, você dosa a tensão
que dá no nó. E isso determina se a pessoa poderá ter alguma liberdade
de movimentos ou ficará imóvel por mais que tente se contorcer. Depende
do objetivo. Se apertar demais o nó, terá que desatar logo para não ser
prejudicial à saúde.
– Quais os riscos de quem pratica?Prender a circulação, sentir formigamentos, ficar com partes do corpo
roxas e geladas… Para que isso não aconteça, temos medidas de segurança.
Por exemplo, não amarro em articulações (cotovelho, joelho) ou em
locais com pouca proteção muscular e muitas veias. Assim, posso deixar
alguém preso por meia hora sem problemas. Quanto mais se debater, claro,
mais ficará marcado pelas cordas.
– E se a pessoa quiser parar, no meio do clima de dominação?Temos códigos. O tempo todo pergunto se está tudo bem. Se ela responde
“verde”, posso seguir em frente. “Vermelho” é porque está doendo e devo
parar. Tudo é consensual. Penduro até de ponta-cabeça e alguns chegam ao
orgasmo. A maioria só fica excitada. Adoram sentir aquela carga de
adrenalina, como se estivessem em um brinquedo perigoso no parque de
diversões.
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